Como ajudar outras pessoas a serem mais tolerantes contigo

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Queremos?

Conseguir transmitir qualquer informação a outra pessoa, minimizando a sua possível reação negativa.

Porquê Importante?

1. Porque não queres ter segredos a esconder

Recomendo que não tenhas “segredos” a esconder, por 3 razões:

  1. esconder segredos é uma preocupação constante (“será que vão descobrir o meu segredo?”) – tira-te a calma, desperdiça-te energia e ocupa-te o pensamento (e assim terás menos calma, energia e pensamento disponíveis para criares a vida que queres)
  2. esconder segredos limita a tua ação (“não vou fazer isto ou não posso dizer aquilo porque senão poderão descobrir o meu segredo”) – ou seja, o segredo controla a tua vida – tu não és livre enquanto tens segredos a esconder
  3. se alguém descobrir o teu segredo, poderá usar isso para te controlar (“Eu sei o teu segredo. Por isso, ou fazes isto que não queres fazer, ou eu revelo o teu segredo a todos.”)

A solução? A única maneira de te libertares destas 3 situações é não teres segredos a esconder.

E como não queres ter segredos a esconder, então tu queres treinar-te a transmitir qualquer um desses segredos a outras pessoas (de forma a minimizar a sua possível reação negativa – até para o próprio bem dessas pessoas).

2. Porque não queres reações negativas demasiado intensas da outra pessoa

Imagina que tens à tua frente uma pessoa a ter reações negativas demasiado intensas. Tu queres evitar isto porque:

  • O corpo da pessoa fica completamente desregulado (baixa a sua imunidade e energia, acelera o seu ritmo cardíaco, etc.)
  • Nesse estado, essa pessoa pode fazer ações ou tomar decisões precipitadas que te podem prejudicar a ti, a ela própria, ou a outros (por exemplo, insultar-te agressivamente mesmo que sejam mentiras, bater-te, expulsar-te de casa. etc.).

Conclusão? Tu queres transmitir informação de forma a evitar reações negativas demasiado intensas (ou seja, receber apenas reações negativas pouco intensas, ou nenhuma reação negativa)

Curiosidade: Tenho muita experiência neste assunto!

Como eu estou sempre a fazer coisas a que as pessoas à minha volta (pais, amigos, etc.) não estão habituadas, então eu lido muitas vezes com a reação deles. Alguns exemplos de informação que lhes transmiti:

  1. Não vou estudar em Portugal, mas em Inglaterra
  2. Não vou imediatamente para a universidade, mas vou fazer 1 ano “de pausa” (gap year)
  3. Não vou fazer Mestrado em Inglaterra, mas vou voltar para Portugal e dar explicações
  4. Vou começar a dormir no chão.
  5. Vou começar a comer 1 ou 2 vezes por dia (e não, não sinto fome)
  6. Não vou cortar o cabelo, mas vou deixá-lo crescer

As técnicas abaixo são as que eu próprio uso para transmitir informação, minimizando reações negativas.

Grande Benefício: as pessoas à tua voltam têm menos reações negativas (mais tolerantes)

Como resultado, noto que as pessoas à minha volta têm cada vez menos reações negativas (não só comigo, mas também consigo próprias e com os outros).

Porque lá está: de cada vez que transmites informação a que essa pessoa não está habituada, então estás a treiná-la a receber informação a que não está habituada (e, por isso, quanto mais a treinar, ou seja, quanto mais a habituas, menos reação negativa receberás).

O Facto Fundamental: habituação

No fim de contas, um ser humano funciona por habituação:

  • Se é habitual (conhecido, normal), então tu não reages.
  • Se não é habitual (é desconhecido, anormal), então tu reages (muitas vez, mal).

Por isso, quando dizes algo inofensivo a uma pessoa (ou seja, algo que não é uma crítica, nem um insulto, etc.) e essa pessoa reage mal, então provavelmente acabaste de lhe transmitir informação a que ela ainda não está habituada.

No fundo, estás a transmitir informação que obriga o cérebro da outra pessoa a considerar novas ideias (o que obriga a outra pessoa a gastar energia e talvez a ter de questionar as suas crenças atuais – daí a possível má reação).

Acho que há muito o “medo da possibilidade de estarmos errados”. Temos tanto medo de estarmos errados, que qualquer informação diferente do que estamos habituados vemos como uma ameaça (uma possível maneira de mostrar que estás errado).

Mas acho que o principal problema é nós acreditarmos erradamente no mito de que “só há 1 opinião ou ação válida, e as restantes estão erradas. Porque se acreditares nisto, então acreditas erradamente que “se 1 pessoa tem uma opinião ou ação diferente da tua, então é poque a tua opinião ou ação esteja errada”. Mas isto está errado. Na verdade, “todas as opiniões ou ações são válidas – interessa é que criem os resultados que queres na tua vida”.

Mas o que interessa agora é que: má reação apenas significa falta de habitação (mais nada)-

Método 1: Normalmente, não digas nada a ninguém, a não ser que te perguntem, ou precises mesmo de dizer

A maior parte dos temas de conversa realmente não interessam a ninguém.

Por isso, no geral, se não perguntarem, e tu também não precisares de dizer, então não fales sobre isso.

Pessoalmente, eu só falo quando há algo importante para dizer (só quando eu preciso, ou para responder ou ajudar a outra pessoa). Isto porque quanto menos falares, mais impacto tem cada frase que dizes.

Método 2 (se prevês reação negativa pouco intensa): diz logo e depois cala-te e respira

Se prevês que a outra pessoa terá uma reação negativa pouco intensa, então é só aprenderes a lidar com reações negativas pouco intensas de outra pessoas.

Exemplos de Reações Negativas Pouco Intensas

  • Ordens agressivas (“Tens de fazer isto. Não podes fazer aquilo”)
  • Crítica destrutiva (“Não sabes fazer nada.”)
  • Comparações desnecessárias (“Porque é que não és como o teu irmão?”)
  • Defender a sua própria opinião (“Mas toda a gente sabe que isto é verdade. Porque é que estás a tentar ser diferente? Estás a dizer que estou errado”)

Processo

O que tens de perceber é que, como tudo na vida, essa má reação é temporária (é apenas uma reação que acontece no imediato, mas que depois desaparece rapidamente).

Por isso, para a maioria dos temas (que podem dar só um ligeiro choque inicial para a pessoa), então podes:

  1. Dizer-lhe logo o que tens a dizer
  2. Se a outra pessoa começar a reagir mal, apenas respira profundamente para te acalmares, e não digas nada. Deixa a pessoa desabafar, dizer tudo o que tem a dizer, até que ela se cale (e se tu não disseres nada, mais rapidamente essa pessoa se calará). Mesmo que a pessoa faça perguntas, provavelmente é melhor não dizeres nada.

No geral, recomendo que não digas nada, porque quando a pessoa tem uma má reação, então ela não está psicologicamente recetiva a mais informação. Ou seja, ao dizeres alguma coisa, estás só a prolongar a conversa e assim o “sofrimento” para todos (sem resolver nada).

Nos dias seguintes, provavelmente verás que essa pessoa já tem uma reação muito mais calma e equilibrada ao assunto. No fundo, é só aprenderes a lidar com o “choque inicial”, que é uma reação humana muito comum, e depois fica tudo bem!

Opcionalmente, se quiseres, poderás voltar a falar do assunto mais tarde quando essa pessoa já estiver calma.

Pré-requisitos

Para fazeres bem o processo acima, convém já estares habituado a:

  • acalmar-te respirando profundamente
  • não dizeres nada (mesmo quando outra pessoa te diz algo que não queres ouvir, incluindo mentiras)

Método 3 (se prevês reação negativa muito intensa): vai habituando-os a novas ideias relacionadas antes de contares

Se prevês uma reação negativa muito intensa (com grande violência psicológica, ou violência física ou decisões extremas como seres expulso de casa), então não recomendo transmitires a informação imediatamente.

Em vez disso, vais expor essa pessoa a informação relacionada com a informação que queres transmitir, para a habituares a esse tema de forma gradual. Assim, mais tarde, quando quiseres transmitir a informação, então a pessoa terá uma reação menos intensa (porque já está muito mais habituada ao tema).

No fundo, habitua essa pessoa ao tema, para que quando lhe transmitires essa informação, ela já esteja mais habituada, e, por isso, terá uma reação menos intensa.

Pré-requisitos

Para poderes fazeres a técnica abaixo com sucesso, deves primeiro ser capaz de:

  • tolerar-te a ti próprio (aceitar quem és/não ter reações negativas perante a informação que queres transmitir), e também tolerar as opiniões dos outros mesmo que sejam diferentes da tua (porque só conseguirás ajudar alguém a ser mais tolerante se tu próprio fores o exemplo e mostrares-lhe na prática o que é ser tolerante)

Processo descrito

  • Imagina que queres dar alguma notícia que poderá ser chocante para certa pessoa. A melhor estratégia é ires falando com essa pessoa sobre esse tema ao longo do tempo, indo trabalhando com as crenças atuais e indo mostrando-lhe outras perspetivas sobre o tema (num contexto de conversa muito casual, especialmente quando a outra pessoa estiver mais recetiva a este género de conversas – normalmente, em circunstâncias de baixo stress e, de perência, relaxamento. Aproveita especialmente quando o tema calhar em conversa, porque dá menos nas vistas do que se começares esse tema do nada).
  • Assim, quando chegar a altura de dar a grande notícia, afinal a notícia já não será tão surpreendente (porque, ao longo do tempo, estiveste a desenvolver o nível de habituação dessa pessoa a esses temas) – imagina o desenho do “padrão de habituação”, em que tu conversa a conversa, vais aumentando o raio de habituação dessa pessoa nesse tema.
  • O mais importante é apenas deixá-los dar a sua opinião, ouvires, e fazeres perguntas para compreender melhor a sua opinião, e talvez dar a tua perspetiva para complementar a deles (o objetivo é apenas partlharem informação, sem tentar mostrar que alguém está certo e alguém está errado. A ideia é que ao expores essas pessoas a novas perspetivas, elas ao longo do tempo vão ficando mais habituadas, e assim tolerantes, dessas ideias).

Processo (Exemplo: “Contar aos teus pais que és homossexual”)

  1. Sempre que souberem de algum acontecimento envolvendo homossexuais ou outro assunto relacionado (nas notícias, ou na vossa vida, ou na vida de alguém próximo, ou nalgum vídeo, artigo ou post que vês na internet), podes perguntar à outra pessoa:
    1. “Qual é a tua opinião sobre isto?”
    2. “Porque é que tens essa opinião?”
    3. “Por acaso, eu sou da opinião de que … ”
    4. “Tenho esta opinião porque…”
    5. “O que achas da minha opinião?”
  2. Ao repetires várias vezes este ciclo de partilha de informação em diferentes circunstâncias, deverás reparar que de conversa para conversa, a pessoa lentamente irá mostrar-se cada vez mais tolerante à ideia.
  3. A dada altura, quando vires que já estás muito habituado a falar de homossexualidade com essa pessoa (e, com base nas vossas últimas conversas, já vês que a pessoa seria capaz de tolerar mais informação), então finalmente podes-lhe dizer que és homossexual (e muito provavelmente a pessoa terá uma reação muito menos intensa do que se não tivesses feito com ela este processo de habituação gradual)

Como ser discreto?

Se começares a falar muitas vezes seguidas do mesmo tema, torna-se suspeito (a outra pessoa pode desconfiar). Por isso, o melhor talvez é:

  1. teres estas atitude com essa pessoa para todos os temas. Pergunta-lhe sempre a opinião da outra pessoa e depois dá a tu opinião sobre qualquer tema,
  2. Uma segunda opção é mencionares o assunto apenas de vez em quando, talvez pelo menos com 2 semanas de diferença.

Usar só a primeira opção ou misturar as 2 provavelmente é a melhor estratégia.

Sê discreto no início, mas depois vai sendo mais indiscreto

  • Seres discreto é mais importante no início, caso a outra pessoa ainda esteja pouco habituada (pouco tolerante).
  • Mas quando vires que a pessoa começa a estar mais habituada (tolerante), até pode ser melhor seres indiscreto (porque assim, mesmo sem dizeres à pessoa diretamente, estás a dar pistas a essa pessoa que a podem levar a chegar a essa conclusão ela própria). E se ela chegar a essa conclusão ela própria, antes de tu próprio dares a notícia, então essa pessoa terá mais tempo para se habituar a essa notícia, caso a notícia chegue um dia. Assim, quando deres a notícia a essa pessoa, a reação será ainda menos intensa, porque a pessoa já estava à espera (já estava habituada) a que essa poderia ser uma possibilidade.

MÉTODO 4: Afasta-te dessa pessoa

Quando os métodos acima não resultarem (ou não quiseres fazer os métodos acima), então podes sempre afastar-te dessa pessoa.

Esta afastamento não precisa de ser para sempre, mas pode ser apenas temporário. Às vezes, as pessoas só precisam de umas semanas, meses ou anos, para processarem a informação e evoluírem mais como seres humanos, para depois estarem mais recetivos e tolerantes.

Ou seja, podes afastar-te agora (ou de forma gradual e discreta ou de forma abrupta). E mais tarde (passado 1 mês, 1 ano, o que quiseres), poderás voltar a contactar a essa pessoa, vendo se ela agora já está mais recetiva. Se ainda não estiver recetiva, podes ir continuando a contactar de tempos em tempos (por exemplo, de mês a mês, de ano a ano, o que quiseres), até que a pessoa esteja mais recetiva.

E até lá: lembra-te do facto fundamental: “na verdade, não precisas de ninguém”. O mais importante é sempre viveres a vida que queres. Porque se viveres a vida que queres, então também encontrarás outras pessoas que te apoiam nessa escolha de vida (há tantas pessoas fantásticas por aí prontas a apoiar-te que talvez não vale a pena gastares tanta energia a tentar ser aceite por alguém que não está a conseguir aceitar-te). No fim de contas, é uma decisão tua.

Mais ideias (não tão boas?)

Queres que as pessoas à tua volta te aceitem mais como tu és?

No fundo, o que queres fazer é treinar a tolerância dessas pessoas. Por isso, basta seguir os princípios gerais do treino (ensino, aprendizagem, etc)..

No fundo, é terapia de exposição, ou seja, vais expondo essa pessoa a coisas sobre ti que a deixem desconfortável, começando nas coisas menos desconfortáveis até às mais desconfortáveis.

Processo Passo a Passo

  1. Assim, começa com alguma pequena coisa que essa pessoa não aceita em ti e faz isso à frente dela (especialmente quando estiver de bom humor).
  2. É possível que ela mostre o seu desconforto, insultando-te, gritando, etc. Lembra-te que isto é apenas a resposta natural dessa pessoa a algo que ela ainda não aceita, por isso não deixes que isso te pare (relembra-te que estás a fazer isso porque é o melhor para essa pessoa e para ti).
  3. Repete isto vezes suficientes até que a pessoa já esteja habituada e por isso já não sinta esse desconforto.

Depois de a pessoa já reagir pouco ou nada a esta situação, então escolhe uma nova situação que queiras que essa pessoa aceite e faz o mesmo processo.

Vantagens e Desvantagens

  • Vantagem: não precisa da cooperação da outra pessoa. Apenas estás a usar a natureza humana a teu favor.
  • Desvantagem: os resultados não são imediatos (é um processo gradual). Mas com o tempo, oos resultados serão inevitáveis.

Técnica Extra: Conversar Depois

Se possível, quando a pessoa estiver mais calma, então tenta ter uma conversa com ela, em que tentas primeiro ver o lado dela e mostrar que percebes que para ela não é fácil, e depois mostrares tabém o teu lado, na esperança que ela veja o teu lado. Esta compreensão mútua pode ter efeitos muito mais imediatos e definitivos do que a té

  • Este método é ideal quando queres a tolerância da tua família (porque são as pessoas que não escolhes).
  • Mas se não for família, é muito mais fácil encontrar novos amigos que te aceitem como és do que tentar mudar os velhos amigos que não te aceitam cono és.

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