Desagarra-te (Como mudar *completamente* a tua vida)

🗃️Índice

A história por detrás deste texto (parece impossível!)

Em dezembro de 2021:

  1. Um grupo de cerca de 6 jovens tenta destabilizar a minha comunidade no Discord.
  2. Como não queria bani-los logo, tento resolver a questão enviando mensagem privada para cada um deles.
  3. Para 5 deles, a mensagem privada foi inútil. Mas para 1 deles (o Luís), o resultado da minha mensagem privada foi incrível.
  4. Ao Luís, experimento pedir-lhe um favor que acho que ele aceitaria (dar outra vez “menção” a todos os membros para verificar se eu desativei essa funcionalidade) e ele faz. Depois dou-lhe 2 sugestões de atividades para se entreter nas férias (aumentar a destreza na mão esquerda ou aumentar a velocidade de escrita no computador no site 10FastFingers) e ele faz a 2ª sugestão.
  5. Vendo que estou a conseguir ganhar a sua confiança, apeteceu-me escrever este texto para ele.
  6. Escrevi este texto nos dias 29/12/2021 (10h-17.30h, todas seguidas, sem comer desde as 7h – só comi depois), e nos dias 30/12/2021 (8-13h), e depois enviei-lhe.
  7. Adorei escrever este texto (e estava totalmente inspirado) porque estava a escrever um texto que resumia toda a minha filosofia de vida nessa altura, que não tinha partilhado com ninguém.
  8. E o melhor de tudo? Logo depois disto, o Luís deixou para trás a sua vida antiga (que não o beneficiava em nada): deixou de destabilizar comunidades no Discord, deixou esse grupo de “amigos”, e começou a agir de forma diferente (de forma que o realmente beneficiava). Com isto, gradualmente, ele foi mudando a sua vida, vivendo cada vez mais a vida que ele realmente quer ter.

Espero que este texto também te ajude a mudar a tua vida. Agora, toca a ler! 😁🔥

O Texto

Tocaste no ponto chave – “Estás a fazer um bom proveito da tua inteligência”. No fundo, foi isso que inspirou a minha mudança inicial: quando terminei o secundário, cheguei à conclusão que estava a desperdiçar a minha inteligência e que seria capaz de muito mais. Por isso, decidi dar-me uma missão: “descobrir até onde eu conseguiria chegar se eu de facto me esforçasse”. Com isto, decidi dar-me o desafio mais difícil – entrar na melhor universidade que conseguisse, fosse onde ela fosse. Assim, tirei um Gap Year para preparar a candidatura (era preciso fazer exames de admissão com matéria que eu nunca tinha dado). No fim, acabei em Inglaterra, a estudar Matemática na Universidade de Warwick. O curso foi puxadíssimo – especialmente no primeiro ano tinhas 5 trabalhos de casa por semana para entregar (e muitos desses exercícios não eram nada fáceis!). No fundo, o curso obrigou-me mesmo a organizar-me, porque, de outra maneira, não conseguiria ter bons resultados. 

Mas talvez o melhor de ir para Inglaterra foi que me obrigou a ser totalmente independente, de todas as perspetivas. Esta experiência ensinou-me a lição mais importante de todas: a estar confortável na minha própria pele (porque, de facto, a maioria das nossas inseguranças vêm exatamente daí – para fugir de nós próprios e do facto de que não temos a realidade que queremos, então agarramo-nos aos jogos, às redes sociais e aos outros – especialmente àqueles “maus exemplos” que nos fazem sentir bem porque são pessoas frustradas como nós – podemos passar o tempo juntos a queixar-nos, a viver na treta e assim não temos de fazer nada! Ora que bom…!).

Mas, claro, há certas verdades que temos de aceitar e uma delas é que “ninguém realmente se interessa por ti” (e, no fim de contas, tu é que vais sofrer as consequências das tuas decisões). Por isso é que acho ridículo procurar qualquer “aprovação social”: se uma pessoa só se relaciona contigo se tu tiveres determinadas atitudes que nem realmente queres ter, então tens de arranjar novos amigos – porque os amigos são para te incentivar a fazer aquilo que queres fazer (eles são para te manter na linha e não para te obrigar a fazer o que não queres fazer). Isto porque, no fim de contas, serás tu e só tu que sofrerá as consequências das tuas ações. E quando sofreres essas consequências, quando mais precisares, só uma coisa é certa – esses teus “amigos” não estarão lá para te levantar, porque, na visão deles, sempre foste uma pastilha elástica pronta a deitar fora – era só perderes o sabor e bye bye, minha pastilha ;). Por isso, lembra-te: “ninguém realmente se interessa por ti”.

E então, lá está: a solução é estares confortável na tua própria pele – tu próprio seres suficiente. Porque quando tu és suficiente, então não precisas de te agarrar a jogos, a redes sociais ou aos outros. Tu és o teu próprio refúgio, por isso não precisas de mais nada para te sentires bem. Não precisas de vícios para te sentires bem. Não precisas de bens materiais para te sentires bem. Não precisas de outras pessoas para te sentires bem.. Só o facto de tu existires já é razão suficiente para te sentires bem – porque tu e o teu refúgio são um só. E tem mesmo de ser assim, porque, se pensarmos bem, a única certeza que tens na vida é que enquanto fores vivo, poderás sempre contar contigo (tudo o resto é uma incógnita). 

E quando tudo perdes, o que é que fica? Ficas tu, as tuas capacidades, aquilo que aprendeste (e eventualmente a reputação que deixaste). Por isso é que eu me foco tanto em saber mais e a controlar cada vez melhor as minhas emoções, o meu corpo e a minha mente – porque essas são das poucas coisas que resistem a tudo. E agora que já me tenho a mim próprio bem encaminhado (e só agora) é que posso sim estender a mão aos outros e ajudá-los também. E não te enganes: isto não é altruísmo. Pelo contrário, é a ação mais egoísta que podes ter. Porque tudo aquilo que dás volta sempre para ti (para o bom, mas também para o mau!). Isto porque em tudo o que fazes estás a construir uma reputação. E essa reputação é a moeda de troca para transformares os teus desejos em realidade. Isto porque quanto maior for a reputação que uma pessoa vir em ti, mais ela estará disposta a fazer o que lhe pedires, desde um pequeno favor na altura certa até a um caso extremo. Por exemplo, se um dia perdesses todo o teu dinheiro e bens materiais, ainda terias outra moeda de troca – a tua reputação. E assim, haveria sempre alguém que te reconheceria e estenderia a mão de volta. É por eu pensar desta maneira que faço o que faço – no fundo, é como a história da formiga: agora que é “verão” e que corre tudo na maior (e que ainda posso aproveitar o rendimento dos pais :P), estou a acumular não dinheiro mas sim reputação. Assim, quando chegar o “inverno”, aconteça o que acontecer, estarei muito mais preparado, pois terei muitos “favores” para saldar. No fundo, estou a criar um “negócio de reputação” – à medida que ganho reputação uso essa reputação para fazer outras coisas que me dão ainda mais reputação! E, como é óbvio, não é difícil transformar reputação em dinheiro (porque muita gente já confia em ti!). De facto, acredito que reputação é o “dinheiro” do futuro, porque dinheiro qualquer um pode ter, mas reputação é um bem mais escasso e cada vez mais valioso (agora que na internet é tudo anónimo, torna-se muito mais importante sabermos em quem confiar). Ah, e saindo fora da veia egoísta, é óbvio que o mundo em geral também beneficiará imenso se pensares e agires desta forma.

Voltando ao “mesmo quando perdes tudo, aquilo que aprendeste fica”, também há outra razão fortíssima para desenvolveres as tuas capacidades ao máximo – que é para te desagarrares e não dependeres de um emprego em particular. Isto, porque, como vês agora, muita gente está descontente com o seu emprego mas mesmo assim continuam nele. No fundo, estão agarradas a um emprego que não gostam. Em parte, isto pode ser por causa da sua própria insegurança ou falta de ambição (porque claro, é muito mais fácil ficarmos onde estamos do que fazer alguma coisa para mudar). Mas muitas vezes, também é porque não têm alternativas óbvias de emprego – e isto acontece porque as suas capacidades e qualificações (aquilo que aprenderam) só as levam a ser admissíveis num reduzido número de empregos (muitas vezes indesejáveis ou com imensa competição). E então, qual é a solução? É teres uma combinação única de skills muito procurados (conhecimentos e capacidades, incluindo psicológicas). Porque quando tens uma combinação única de skills muito procurados, então 1. és imediatamente desejado por imensas empresas e outros locais de trabalho e 2. tens pouca competição, porque muito poucos sabem aquilo que tu sabes. E quando tu és muito procurado e tens pouca competição, ora aí está: lei da oferta e da procura! Se muitos te querem e poucos fazem o teu trabalho, então tu é que tens o poder de negociação. Se um patrão quer mesmo contratar-te, então vai ter de te dar as condições de trabalho que tu queres, porque senão, há muitas mais empresas a fazerem fila para te contratar. Ou seja, não precisas de aceitar nenhum emprego a não ser que seja mesmo bom. 

Por outro lado, se não tiveres uma combinação única de skills muito procurados, então ou tens skills pouco procurados/rentáveis (isto acontece imenso com o setor da cultura) ou então tens uma competição enorme. E lá está, lei da oferta e da procura. Se poucos te querem e muitos fazem o teu trabalho, então quem tem o poder de negociação é o patrão. Se tu queres mesmo ter aquele emprego, então vais ter de aceitar as condições que o patrão quiser, porque senão, há muitos mais a fazer fila para terem aquele emprego. E quando acabas nesta situação, já foste – estás agarrado ao teu trabalho! No fundo, enquanto fores uma peça substituível, “ninguém se interessa por ti” e terás de te sujeitar às condições do patrão. Viverás na ilusão de que tens um trabalho fixo, seguro, quando na realidade és apenas uma peça à espera de ser substituída. Logo que alguém estiver disposto a fazer o teu trabalho por um salário ainda menor do que o teu, então bye bye emprego. Por isso é que não me admiram os despedimentos em massa nas grandes empresas: esses trabalhadores eram peças substituíveis e o patrão “não se interessa por peças substituíveis”. Fossem esses trabalhadores peças insubstituíveis, tivessem eles uma combinação única de skills muito procurados, então estariam automaticamente protegidos de qualquer aproveitamento por parte do patrão (e mesmo que fossem despedidos, teriam sempre muitos bons sítios onde trabalhar). Se pensares bem, uma “combinação única de skills muito procurados” tem um efeito semelhante à “reputação” – é outra moeda de troca que te permite transformar os teus desejos em realidade. Talvez a única diferença é que, por um lado, a reputação faz os outros agir como tu queres motivados pela gratidão, reciprocidade e confiança em ti. Por outro lado, a “combinação única de skills muito procurados” faz os outros agir como tu queres mas motivados pela necessidade (no caso de um patrão) ou pela admiração (no caso de alguém que vê potencial em ti e te quer ajudar). 

Mas voltando à história de nos agarrarmos a outras pessoas… é exatamente igual à história do patrão! (só que claro, em vez do patrão, temos o amigo ou o parceiro). Qualquer relação deve começar com dois indivíduos “fortes” e independentes (ou seja, confortáveis na sua própria pele) que se juntem para se incentivar e ajudar mutuamente, criando assim uma realidade ainda melhor para os dois. Esta relação resulta porque os dois estão em pé de igualdade – os dois só continuarão juntos se se ajudarem mutuamente (porque no momento em que se deixarem de ajudar mutuamente, a relação termina: o membro “prejudicado” ir-se-á embora num instantinho). E o membro “prejudicado” ir-se-á embora exatamente porque não está agarrado. De facto, é exatamente porque nenhum deles está agarrado ao outro que é possível criar um equilíbrio saudável e diplomático entre os dois. Assim, a relação funciona. 

Agora, o problema é quando pelo menos um está agarrado ao outro. Imagina que estás agarrado ao teu amigo ou parceiro. Ora, aqui temos novamente a história do patrão! (em que tu és o trabalhador substituível e o teu amigo ou parceiro é o patrão). Se tu estás agarrado ao teu amigo ou parceiro, ou seja, se tu sentes mesmo necessidade de aprovação desse amigo ou parceiro e não o conseguirias deixar por nada deste mundo, então o teu amigo ou parceiro tem todo o poder de negociação. Tu terás de fazer tudo o que o teu amigo ou parceiro quiser se o queres manter por perto. E, obviamente, esse amigo ou parceiro irá aproveitar-se de ti, tal como o patrão fez ao empregado substituível. No fundo, se te sentes tão agarrado a essa pessoa, então essa pessoa tornar-se-á no teu patrão. Isto é o que acaba por acontecer com muitas relações tóxicas – uma pessoa sempre a perdoar e a tolerar a outra simplesmente porque está agarrada e não consegue sair de uma relação que já devia ter terminado há muito. 

Mas claro, isto de terminar relações é tudo muito bom e muito bonito na teoria, mas na prática, como é que eu tenho a coragem de largar alguém assim? Dou-te o meu exemplo: se os meus amigos tentassem reger a nossa amizade com base em eu fazer algo que eu não quisesse fazer, eu imediatamente terminaria a relação. E não sentiria falta deles? Não, por uma simples razão: porque eu penso que tudo aquilo que tenho agora já está perdido. Toda a minha família, todos os meus amigos, todos os meus bens materiais, eu já os perdi. Eu já perdi tudo. E como já perdi tudo, então qualquer desastre que aconteça não me afetará psicologicamente, porque já vivi esse desastre antes de ele sequer acontecer. E como já perdi tudo, já não estou agarrado a nada. E é por não estar agarrado a nada que todas as minhas relações podem ser sinceras – não baseadas em “chantagem social”, mas sim numa vontade própria).

Claro, num mundo ideal, as duas pessoas na relação seriam “fortes”, independentes e confortáveis na própria pele. Porém, desde que tu estejas confortável na tua própria pele e não estejas agarrado à outra pessoa, então a outra pessoa nunca se aproveitará de ti, nunca se transformará no teu patrão. Se for uma pessoa que vale a pena, mantém-na ao teu lado e faz tudo por ela. Mas se for uma pessoa que não vale a pena, afasta-te dela o quanto antes – há imensas pessoas melhores à tua espera! 

Estares confortável na tua própria pele também tem outra grande vantagem – passas a estar confortável ao pé de qualquer pessoa e és capaz de conversar com qualquer pessoa. Isto porque quando estás confortável na tua própria pele, não estás a tentar impressionar, nem estás com medo de que a outra pessoa te julgue. Aquilo que dizes é totalmente sincero e podes concentrar-te só na conversa – e assim, a conversa flui! Talvez o grande lembrete é que  “ninguém realmente se interessa por ti”. A outra pessoa realmente não está interessada no que tens para dizer – está sim interessada naquilo que ela tem para te dizer! Mesmo que aches que disseste algum disparate, o mais certo é que a outra nem note, porque ela, tal como tu, estava mais focada nas próprias inseguranças e em pensar no que te dizer a seguir. Ou mesmo que note, rapidamente se esquecerá, porque essa pessoa tem mais que fazer do que se estar a lembrar dos disparates que já lhe disseram (de certeza que também não tens na cabeça uma lista com todos os disparates que já te disseram :P). No fundo, quando estás confortável na tua própria pele e te apercebes de que “ninguém realmente se interessa por ti”, então podes libertar-te de todos os preconceitos que tens sobre ti, deixas de te preocupar com a imagem que pensas que estás a passar e focas-te só na conversa. E, assim, a conversa flui. E se disseres algum disparate? Sem problema. Siga! E se houver silêncio? Sem problema. Siga! E se ofenderes alguém? Bem, há limites! Por isso é que, quando falo com alguém, a minha prioridade principal é sempre dizer a verdade (não criar nem alimentar intrigas ou especulação). E depois, tenho outras duas prioridades: aprender o máximo com a outra pessoa e fazer a outra pessoa sentir-se bem. Curiosamente, todas estas prioridades complementam-se hiper bem: se queres aprender, tu queres é que a outra pessoa fale. E claro, a outra pessoa quer é falar e sentir-se ouvida. Win win! Há muitos truques simples que podes usar e que funcionam espetacularmente: 1. diz o nome dessa pessoa, 2. repete algumas das palavras que acabaram de usar, 3. recapitula e pergunta para teres a certeza que percebeste o que a outra pessoa disse, 4. faz muitas perguntas, 5. aproveita todas as oportunidades para dar elogios verdadeiros 6. nunca discordes com a outra pessoa, mas pergunta apenas porque ela pensa dessa maneira. Tudo isto fará com que a outra pessoa fale ao máximo e te conte tudo! No fundo, desde que tenhas sempre em mente dizer a verdade e fazer a outra pessoa sentir-se bem, então nunca haverá espaço para ofenderes – todos os teus disparates ou serão engraçados e darão para rir um bocado. Ou então não terão piada nenhuma (mas ninguém se lembrará deles!)

Mas depois disto tudo, a grande questão é: Como ficamos confortáveis na nossa própria pele? Este é um processo extremamente gradual – não esperes resultados enormes de um dia para o outro. De qualquer modo, por todas as razões que já te expliquei, não tens melhor alternativa do que começar este caminho 😛 (as consequências não são boas: no fundo, se não fores o patrão de ti próprio, alguém encarregar-se-á de ser o teu patrão 😉 – e acho que isso não não vai ser gostoso… porque esse patrão ver-te-á como uma pastilha elástica, pronta a deitar fora quando já não é precisa – lembra-te, por exemplo, da história dos trabalhadores despedidos em massa). Só uma coisa é certa: este será um caminho muito pessoal, que ninguém poderá fazer por ti. Porém, há três indicações essenciais que te posso dar:

  1. Primeiro, começamos com o “exercício” fundamental: dá-te tempo de “solitude” (ou seja, tempo em que estás sozinho com os teus pensamentos, sem consumir nenhuma informação, seja ela vinda de redes sociais, livros, jogos, outras pessoas a falar contigo, etc). São estes tempos de solitude que te darão a oportunidade de te perceberes melhor a ti próprio – os teus gostos, os teus desejos, as tuas inseguranças e que te permitirão também resolver os teus problemas atuais e traçar um plano futuro (e tudo isto só é possível quando não tens distrações e estás em solitude, ou seja, sozinho com os teus pensamentos).
    1. Solitude torna-se muito mais fácil se eliminares a tua dependência nos jogos e redes sociais (e todas as outras distrações tecnológicas que tu bem sabes: TV, séries e tudo mais). Por exemplo, no meu caso, de jogos desinstalei tudo (antes jogava Magic: The Gathering, Hearthstone e Clash Royale). Redes sociais, só mesmo para contactar com colegas, para trabalho, ou com amigos, mas só nas alturas especiais (Natal, aniversários, etc.) Com isto, aprendi algo engraçado: que o telemóvel torna-se muito menos interessante quando não há lá nada interessante para fazer! No fundo, usa a tecnologia só quando é preciso. Uma regra boa é: “vai ao telemóvel, PC ou TV só se antes disso já souberes o que vais lá fazer.” (“falar com x sobre o assunto importante y” é específico o suficiente, mas “ir ao Insta ver lá o que se passa” não)
    2. A melhor altura para ter tempo de solitude é logo depois de acordares, antes de sequer agarrares no telemóvel, TV ou PC. E depois, tentas passar o máximo de tempo assim. Talvez agarras num caderno ou num ficheiro do Google Docs e simplesmente começas a escrever o que a tua mente se lembra. Talvez faças uma meditação: sentas-te onde for mais confortável, chão ou cadeira, fechas os olhos e focas-te só no espaço entre as tuas sobrancelhas e vês os teus pensamentos a passar (quando te vierem pensamentos, calmamente volta a focar-te no espaço entre as sobrancelhas). Ou então faz o que te apetecer! De facto, a melhor atividade para fazeres em solitude é aquela que consegues fazer regularmente! Desde que seja algo que não envolva o teu cérebro receber informação de outras fontes, então está ótimo – até tarefas domésticas são perfeitas! E, claro, quanto mais tempo de solitude melhor! 
    3. O que vais reparar nestes tempos de solitude é que em vez de tu correres atrás do tempo e parecer que nunca tens tempo para nada, agora acontecerá o contrário – sentirás que tens mais tempo do que alguma vez tiveste. De facto, perceberás que 24h são uma eternidade e que tens muito mais tempo do que pensavas – e tudo isto só porque removeste todas as distrações à tua frente (outras pessoas, telemóvel, PC, TV, etc.),  A verdade é que o tempo só passa rápido porque vives constantemente na distração. Mas sem distração, então tens muito tempo!
  2. Em segundo lugar, temos uma regra que te ajudará a saber o que fazer a seguir: “a cada momento, olha à tua volta (para o teu espaço, para as tuas ações, para as tuas emoções) e resolve os problemas que consegues resolver imediatamente”.
    1. Por exemplo, organizar o teu espaço é um ótimo começo. Pensas: “aquela coisa podes arrumar? Ok, arruma já. Depois, aquela também consegues? Ok, arruma já. E assim sucessivamente até que, no fim, sem dares conta, já tens tudo arrumado! Este é um ótimo começo, porque espaço organizado, mente organizada! E também é ótimo porque “tu és o que praticas”, ou seja, ao fazeres determinada coisa agora, estás a tornar-te pro a fazer essa coisa no futuro. Neste caso, ao olhares para o teu espaço e a arrumares imediatamente aquilo que te parece desarrumado, estás a tornar-te pro a identificar um problema e resolvê-lo imediatamente (que é o que tu queres!)
    2. Esta regra de resolver os problemas à tua frente também se aplica a tudo o que fazes durante o dia. Talvez o mais importante seja mesmo o sono, a alimentação e o exercício, porque fazem uma diferença enorme em tudo o resto (especialmente no teu psicológico e performance mental). Sono, o mais importante é acordares e deitares sempre à mesma hora. Alimentação é comer o mínimo de “comidas falsas”, especialmente as altas em açúcar e ingredientes manhosos. Exercício – faz o que te apetecer, interessa é mexeres-te! Se quiseres inspiração, exercícios que “alongam” a coluna são muito interessantes (mas isto é só teorias – não tenho certezas de que “façam alguma coisa”). Um que podes tentar é fazer um “squat” mas com os pés juntos e sem levantares os calcanhares do chão – não é fácil! Quando conseguires fazer isto, depois podes tentar fazer o mesmo mas agora tendo os braços esticados na vertical, à largura dos ombros – esse é que não é mesmo fácil! Ah, e claro, quando não souberes resolver um problema, vai à net à procura de solução (eu faço muito isto – no fundo, sê um investigador de ti próprio!). Mas lá está, nunca é de mais repetir: “os melhores hábitos para ti (sono, alimentação, exercício, etc.) são aqueles que consegues fazer regularmente”.
    3. E agora, aplica esta regra de “resolver os problemas à tua frente” também às tuas emoções – tenta perceber de onde vêm as tuas emoções negativas e faz a ação certa para as evitar (às vezes é preciso uma mudança de perspetiva. Outras vezes é preciso mesmo agir. Por exemplo, a ideia do “já perdeste tudo” é uma mudança de perspetiva que te ajuda a lidar com a perda de amigos, familiares ou bens materiais. Mas, por exemplo, se estás com medo de fazer algo que sabes que tens de fazer, então a única solução é calares a boca e os pensamentos e fazê-lo).
  3. E por fim, o mais importante de tudo (aquela coisa que se não a fizeres, então nunca terás qualquer hipótese): acima de tudo, procura a verdade, sempre e a qualquer altura, por mais que ela custe. Quanto mais te observas, mais te apercebes das mil e uma maneiras em que não és como devias ser – então é óbvio: tens de mudar, tens de te libertar dessas fraquezas. Mas mudar é tão mais difícil…! E aqui a tentação é começares com tretas, com desculpas, tudo justificações inventadas para não fazeres aquilo que sabes que deves fazer, tudo desculpas para não teres de mudar. O problema é que podes viver na ilusão de que já és tudo o que poderias ser, mas a realidade não mente e mais cedo ou mais tarde sofrerás as consequências de te teres agarrado a essas fraquezas em vez de te libertares delas. (lembra-te, por exemplo, da história dos trabalhadores despedidos em massa)
    1. De facto, a tua única opção é procurares sempre a verdade. E talvez a melhor maneira de o fazer é usar o “método científico”: tentares sempre provar que as tuas ideias estão erradas. Se mesmo depois de fazeres tudo para provar que a tua ideia está errada, se ainda assim a ideia resistir, então deverá ser verdade. Assim, está atento a tudo o que dizes e pensas. e pergunta-te “Será que isto é mesmo verdade?” (muitas vezes, não o é!) E lá está: “tu és o que o praticas”, por isso, com o tempo, vais começar a ficar pro a “cheirar tretas à distância” (as tuas e até as dos outros!) e será cada vez mais fácil distinguires as tretas da verdade. 
    2. Por exemplo, uma “treta” muito comum é dizeres alguma coisa não porque verificaste os factos mas simplesmente porque ouviste outra pessoa dizer (quando essa pessoa também não sabe de onde a ideia veio!). Aqui, é preciso estar atento, especialmente quando alguém te diz que algo é possível ou impossível (não acredites neles – verifica tu próprio!) Outra muito comum é inventares qualquer ideia que até te parece fazer sentido não porque a verificaste mas só porque te dá jeito no momento para justificar o que quer que seja. Assim, se queres evitar estas tretas, então quando te perguntares “Será que isto é mesmo verdade?”, pode também dar-te jeito perguntares “De onde fui buscar esta ideia?”. Se a ideia não veio nem da tua própria experiência nem de uma fonte credível, então o mais certo é ser treta. 
    3. Mas talvez a treta mais perigosa e comum de todas é quando descartas a tua responsabilidade. Regra geral, quando algo de “mal” nos acontece, a nossa tendência imediata é culpar os outros, culpar o tempo, culpar tudo menos a nós próprios. Esta é a nossa defesa imediata quando alguém nos confronta com algum problema – a culpa nunca é nossa mas é do outro. Se pensares bem, isto acontece em todo o lado. Por exemplo, a maioria do discurso e debate político é todo este jogo de atirar culpas uns para os outros. Mas nem precisas de ir tão longe – basta pensares em qualquer conversa que tens no teu dia-a-dia, ou com outra pessoa, ou contigo próprio (nos teus pensamentos). Imagina que estão a tentar perceber porque é que alguma coisa correu mal – o mais certo é que, mesmo sem reparares, irás tentar sempre descartar a tua própria responsabilidade e culpar os outros. O problema, é que se tu não és responsável, então não há nada que podias ter feito de diferente. Esse problema que te apareceu vai voltar a aparecer e não poderás fazer nada acerca disso, porque, afinal de contas, não tiveste responsabilidade nenhuma. Então é melhor que tenhas responsabilidade! Porque se tu tiveres responsabilidade, então há algo que podes fazer de diferente! E agora que já sabes o que fazer, faz isso. Porque se o fizeres, então é muito mais provável que o problema não se volte a repetir! E à medida que vais acumulando estas ligeiras mudanças de comportamento, vais-te aperceber que cada vez menos problemas aparecem à tua frente. Mas isto não é milagre – é simplesmente porque usaste cada problema teu como uma oportunidade para aceitar a tua responsabilidade, descobrir o que poderias ter feito de diferente e fazê-lo, reduzindo assim as chances de o problema repetir-se no futuro. No fundo, sempre que acontece um problema, tens duas opções: ou culpas os deuses e ficas na mesma, à mercê de o problema se repetir, ou então aceitas a tua responsabilidade e usas isso para aprenderes, mudares a tua atitude e assim evitar esse problema no futuro. É claro que haverá muitas situações que realmente estão fora do teu controlo e em que tens pouca ou nenhuma responsabilidade. Mas mesmo nessas situações, há sempre alguma coisa que podias ter feito de diferente. O que importa nestas situações nunca é procurar a culpa nos outros, mas sim procurar aquilo que poderias ter feito de diferente. Procura sempre aquilo que poderias ter feito de diferente e faz isso! E, com o tempo, verás que cada vez menos desses problemas se colocarão à tua frente.
    4. E há uma segunda treta perigosíssima de que todos nós sofremos e que nos limita imenso: as frases do tipo “eu sou X” ou “eu não sou X”. A minha preferida, claro, é o “não sou bom a Matemática”. Tretas, tretas, tretas! A verdade é só uma: ser bom a Matemática dá trabalho. E, claro, para quê ter esse trabalho quando podes simplesmente dizer que “não és bom a Matemática”? Muito mais fácil, claro! E o mais fantástico de tudo? Os outros também acreditarão em ti!!! O problema, claro, é que se acreditares que “não és bom a Matemática”, então vais comportar-te como uma pessoa que “não é boa a Matemática”! E quando te comportas como uma pessoa que “não é boa a Matemática”, então não vais ter bons resultados! Querias o quê? Não estudaste, estiveste distraído nas aulas, e ainda esperavas ter bons resultados? Impossível! E o maior problema de todos? Ao teres esses maus resultados, agora tens ainda mais provas de como “não és bom a Matemática”! Assim, vais continuar a acreditar que “não és bom a Matemática”, vais continuar a comportar-te como alguém que “não é bom a Matemática”, e vais continuar a ter maus resultados que te darão ainda mais provas de como “não és bom a Matemática”. E ora aí está – entrámos num ciclo vicioso! Porém, a solução é simples. É perceberes que a tua realidade não muda a não ser que tu mudes primeiro. Pensemos ao contrário: e se começasses a comportar-te como uma pessoa que é boa a Matemática? Ou seja, e se estivesses sempre atento nas aulas, estudasses regularmente e tivesses bons hábitos de vida – o que é que achas que aconteceriam aos teus resultados? É óbvio: inevitavelmente, os teus resultados iriam subir. E depois aí talvez já acreditarias que és “bom a Matemática”! E graças a isso, continuarias a comportar-te como uma pessoa que é “boa a Matemática” e continuarias a ter bons resultados, resultados esses que te dariam ainda mais provas de como “és bom a Matemática”. E, assim, acreditarias mais do que nunca que “és bom a Matemática”!!! Ora aí está – entrámos num ciclo vicioso (este bem gostoso!). Mas se pensares bem, isto do “ser bom a Matemática” ou “não ser bom a Matemática” não existe!!! A única coisa que existe é “se fizeste ou se não fizeste o que era preciso para teres bons resultados a Matemática”. No fim de contas, nós não somos nada, nem deixamos de ser nada. Apenas há coisas que fazemos e coisas que não fazemos. E dependendo daquilo que fazemos ou não fazemos, então teremos os respetivos resultados (“bons” ou “maus”). De facto, nunca acredites nessas tretas do “sou preguiçoso”, do “não sou bom nisto” ou do “sou mau naquilo”. Isto porque tudo o que “és” e não “és” é apenas o resultado de teres feito o que era preciso para “ser” umas coisas, mas não teres feito o que era preciso para “ser” outras. De facto, tu podes “ser bom” no que tu quiseres – basta fazeres o que é preciso para lá chegar. Por isso, o melhor mesmo é tirares essas frases do “eu sou X” e do “eu não sou X” do teu vocabulário. Nunca penses sequer naquilo que “és” ou naquilo que não “és” – preocupa-te apenas com aquilo que fazes. Porque se fizeres o que é preciso, então “serás” o que quiseres.  
    5. E depois há muitas outras tretas que ainda não mencionei: o “não me apetece”, o “faço depois”, o “quando eu tiver isto, então sim farei aquilo”, o “eu gosto”, o “eu não gosto”, o “eu não consigo”, etc, etc – tudo desculpas para não fazeres agora aquilo que sabes que deves fazer.

Seres capaz de distinguir as tuas tretas da verdade é importantíssimo, porque só quando és 100% honesto contigo próprio é que te conseguirás libertar-te das tuas fraquezas (que vais querer esconder a todo o custo) e resolver os problemas que estão à tua frente (porque só poderás resolver um problema se souberes qual é a verdadeira causa desse problema). No fundo, procura sempre a verdade e não aquilo dá jeito ou que gostavas que fosse verdade.

Antes de terminar, dica de amigo: recomendo-te que releias este texto, por exemplo, de mês a mês, porque de cada vez que o voltares a ler irás reparar em coisas em que não tinhas reparado antes!E agora, resumindo: se queres dar um novo rumo à tua vida e estar mais confortável na tua própria pele, então começa por te dar tempos de solitude, sem distrações, em que estás sozinho com os teus pensamentos. E depois, não te agarres a nada, procura só a verdade e resolve os problemas à tua frente. Cuidado: vais cair na tentação de estar eternamente a refletir, a planear, a ler e aprender mais… Tudo isso é muito importante, mas lembra-te: nada muda a não ser que tomes a respetiva ação. Por isso, olha para os problemas à tua frente e começa a resolvê-los JÁ! (o “faço depois” é sempre treta ;P).

A única maneira de não perderes nenhuma novidade! 📩

Recebe todas as novidades por email:

Partilha nas redes sociais:

Facebook
WhatsApp
Email

Pergunta ou Sugestão? Contacta-me! 😁❤️