Comunicação Eficaz – passos
- Define claramente as ideias que queres transmitir
- Transmite essas ideias da forma mais eficaz
Erro: muita gente não faz o primeiro passo (escrever sem saber o que quer transmitir – acabando erradamente por escrever frases muito vagas e genéricas, que não transmitem nada – “vazias”).
Este é um dos treinos mais importantes para qualquer ser humano.
Introdução – versão 1
Na nossa vida, todos chegamos a uma certa altura em que queremos transmitir certa ideia, vemos que a outra pessoa claramente não está a perceber nada do que estamos a dizer, e acabamos por desistir, dizendo apenas: “não sei explicar”.
Quando pensamos nisso, quantos problemas nos aparecem só porque não conseguimos transmitir a nossa mensagem como queremos?
- Imensas discussões entre pessoas (por dizeres a coisa errada ou a outra pessoa interpretar de forma completamente diferente à que querias)
- Quando estamos a ensinar algo a alguém (muitas vezes não nos conseguimos explicar de forma a que a outra pessoa entenda)
Ser percebido é importantíssimo. O ideal era que a outra pessoa visse o que nós vemos, pensasse o que nós pensássemos. O ideal era uma “partilha direta de cérebro” – o teu cérebro tinha um ficheiro de informação e era só “copiar e colar” no cérebro da outra pessoa.
Mas a realidade é outra: ao transmitirmos qualquer mensagem, estamos sempre limitados pela interpretação da outra pessoa. Ou seja, nós não controlamos como os outros interpretam a nossa mensagem. Nós apenas controlamos como transmitimos a nossa mensagem. Por isso, devemo-nos focar em transmitir a nossa mensagem de forma a que tenha o máximo de probabilidades de a outra pessoa interpretar da forma que nós queremos.
A ideia é transmitires a tua mensagem de forma tão “perfeita” de forma que quase qualquer pessoa em quaisquer circunstâncias interpretaria a tua mensagem exatamente da forma que querias que ela interpretasse.
Este é dos temas mais importantes da humanidade, porque não só é usado em todas as conversas, mas também em todos os trabalhos escritos. E este tema continuará a ser essencial pelo menos até arranjarmos uma maneira mais eficaz de comunicação (como, por exemplo, “partilha direta de pensamentos”).
Introdução – versão 2
O que é “Comunicação Eficaz”?
É traduzir as tuas ideias em palavras de forma que:
- só uma única interpretação seja possível
- sejam suficientemente detalhadas para que quem leia consiga recriar essa imagem na sua cabeça
No fundo, é transmitires a imagem mental (informação) que tens na tua cabeça à outra pessoa, minimizando as possibilidades de interpretações erradas.
Porquê tão Importante?
Importantíssimo em qualquer situação em que queres garantir o máximo de probabilidades de que a outra pessoa (ou tu próprio no futuro) percebam a mensagem que estás a transmitir.
Exemplos em que é essencial:
- Lidar com Pessoas
- Ensinar
- Escrever (para ti ou outros)
Estes são os princípios de comunicação que eu uso sempre, tanto nas minhas conversas com outras pessoas, como em todo o meu trabalho (textos, vídeos, powerpoints, etc).
O grande problema da comunicação eficaz: não controlamos a interpretação dos outros
O grande problema sobre qualquer comunicação é que nós não controlamos como os outros interpretam a nossa mensagem.
Nós apenas controlamos como transmitimos a nossa mensagem, por isso é nisso que nos devemos focar. Este é o grande objetivo da “comunicação eficaz”: como transmitir a nossa mensagem de forma que a outra pessoa interprete-a da forma como queremos que interprete?
Método de Investigação: pegar em como o ser humano funcionar, e a partir daí criar princípios de comunicação eficaz
Para descobrirmos princípios de como comunicar eficazmente entre seres humanos, precisamos primeiro de saber como seres humanos transmitem e interpretam informação.
Por isso, para cada novo facto que aprendermos de como o ser humano transmite e interpreta informação, depois podemos criar princípios de como transmitir a nossa mensagem para máximo impacto.
Lista de todos os factos do ser humano
- Há um limite de elementos que podemos manter na nossa mente a dada altura (só focar em 1 coisa de cada vez). Informação habitual/já conhecida/automatizada “não ocupa espaço”
- 1 nova informação de cada vez (1 nova informação por frase, etc.)
- Paralelismo/Máximo de repetição (mudar só palavra que justifica/ilustra a diferença)
- Previsibilidade (dá mais tempo para processar essa informação)
- Só necessário/sem distrações (foca na mensagem essencial porque não há distrações)
- Estrutura por Grupos/mapa mentais/chunking
- Listas
- Torna visível características que queiras que sejam mais visíveis/enfatizadas
- A nossa mente é altamente visual
- Muitas vezes vemos interpretação e não dados reais
- Escrever só dados reais (e clarificar quando estás a dar uma opinião/interpretação)
- A outra pessoa não tem o mesmo conhecimento/bases que tu
- Explica sempre do zero (não suponhas)
Ao comunicarmos, comunicamos 2 coisas: sensações/emoções e conteúdo
Lembra-te: qualquer mensagem que transmitas a outra ser humano terá efeito a 2 níveis:
- Pensamentos (o significado das próprias frases leva a outra pessoa a ter pensamentos sobre a sua interpretação do significado dessas frases)
- Sensações (o teu tom de voz, escolha de palavras, etc, afeta como essa pessoa se sente fisicamente face ao que dizes)
Muitas vezes esquecemo-nos que, pelas nossas palavras, também estamos a transmitir emoções (quando esse talvez é o aspeto mais importante, porque normalmente as emoções que sentimos ao receber certa mensagem é o que mais ditam a nossa interpretação dessa mensagem).
Exemplo: Música é universal porque mesmo que não percebas o significado das frases, porque a melodia/ritmo/etc. criam sensações em ti.
Princípios mais Importantes
- Usar palavras para refletir a realidade/verdade da forma mais exata e explícita (visível) possível
- Exemplo (Grau de Certeza e Fontes): As palavras devem indicar claramente o quão certo estás daquilo que dizes, e qual é a tua fonte para afirmar isso.
- Exemplo: “Na minha opinião, talvez irá chover amanhã.” (na minha opinião relembra-nos que é apenas a opinião dessa pessoa e talvez indica-nos que há pouca certeza de que é mesmo assim).
- Exemplo (Grau de Certeza e Fontes): As palavras devem indicar claramente o quão certo estás daquilo que dizes, e qual é a tua fonte para afirmar isso.
- Palavras previsíveis: consegues prever o que será dito a seguir
Outros Princípios
- Diz o que é em vez do que não é (positiva em vez de negativa) – focar no que não fazer não te diz o que fazer (e a imagem mental é da atividade a não fazer, tornando assim mais provável que a faças)
- Comparações normalmente não funcionam – demasiada informação de uma vez. Obriga-te a traduzir mentalmente as “operações/transformações” que fazes numa realidade para a outra realidade, o que normalmente o cérebro não faz (apenas ignora).
Princípio Fundamental da Comunicação Eficaz: Como ser específico (explica do zero, sem suposições)
Descrever do zero em vez de daquilo que estás a imaginar – “Nada é óbvio, tudo deve ser comunicado”
- Parte do princípio que a outra pessoa não sabe absolutamente nada (é um cérebro em branco). A tua descrição deve pintar a imagem mental toda (do zero).
- Fala usando apenas “linguagem de nível 0” (ou seja, nada de categorias/abreviaturas/interpretações, mas apenas os dados reais observáveis)
- Erro comum: teres o objeto em mente, e tentares descrevê-lo à outra pessoa (tu estás a imaginar o objeto, por isso a descrição parece-te boa, mas está muito incompleta)
- Verificar: pensa ao contrário, como a outra pessoa pensaria – partindo da tua descrição, consegues imaginar o objeto? (reconstruí-lo na tua imaginação?)
Exemplo: quando acabas de escrever rápido (talvez sem olhar), parece que faz sentido para ti. Mas depois, se fores a ler mais tarde (ou outra pessoa), não consegues decifrar. (mesma coisa, mas com dizer e outra pessoa perceber em vez de escrever e outra pessoa perceber)
No fundo, o segredo vai ser descreveres todas as categorias mais relevantes e usares descrições específicas (especialmente com números e medidas).
É tentar falar na forma mais “pura” possível, ou seja, mais próxima possível da realidade (sem conceitos ou interpretações desnecessárias)
Exercício de imaginação – “Desenho mental”
Exercício da imaginação: se outra pessoa tivesse de fazer um desenho, qualquer pessoa faria o mesmo desenho? Ou os desenhos seriam muito diferentes? (queres que cultura e suposições da pessoa não afetem o desenho). Este exercício permite ver a fraqueza da nossa comunicação. Numa comunicação boa, a pessoa reconstrói o desenho de forma quase igual à nossa visão. Este é um exercício que podes fazer até para testar as tuas capacidades.
Ser capaz de imaginar/visualizar (só consegues imaginar ações, mas não abreviaturas)
Qualquer frase que digas, só consegues imaginar ações. Se não consegues imaginar nada, não é específico. E se consegues imaginar, quais são as ações que imaginas? Isso é que interessa!
Escreve sempre de forma visualizável (há sempre uma imagem mental que queres que a pessoa tenha em mente)
Distingue Interpretação de Realidade
- “Ele insultou-me” (interpretação)
- “Eu senti-me insultado pelo que ele disse” (realidade)
Presta muita atenção para criares histórias quando há muitas outras histórias igualmente plausíveis dados os poucos dados que tens. Admite: estás a supor, estás a inventar.
E mesmo que receies essa realidade, imagina-te nessa realidade, e vê que afinal não haverá problema.
Regras de Linguagem
- Poucos Nomes (apenas usar nomes para conceitos mais importantes e sempre definidos claramente o seu significado)
- Copiar mesma estrutura (fazer paralelismo) o mais possível e apenas variar nos vocábulos relevantes (especialmente em listas e em todas as alturas que dêem para fazer isto)
- (muitas palavras desnecessárias e muita interpretação abstrata, sem os dados reais que tornam as histórias interessantes). Ser específico permite-nos visualizar (recriar) a história na nossa cabeça. Intepretação abstrata é normalmente demasiado vaga para a pessoa visualizar o que quer que seja (é mais provável que não visualize nada ou que visualize algo nada parecido com o que o autor tinha em mente ao dizer isso). Assim também o autor transmite melhor o que vai na sua própria mente ao escrever aquilo. O ser humano naturalmente vê dados reais e daí retira conclusões (é preferível do que ler conclusões dos outros, que têm um nível extra de interpretação, e assim, possível falha de comunicação).
- Facto do ser humano: muita coisa parte dos nosso dados reais de experiência (mas depois o que dizemos/pensamos costuma ser sempre na forma de conclusões/interpretações). Esses “dados reais” também incluem opiniões de outras pessoas.
Princípios de Comunicação Eficaz
Regra Fundamental
Todas estas regras devem ser entendidas como guias gerais em vez de regras para cumprir sempre (muito provavelmente haverá exceções para todas elas). No fim de contas, pensa sempre no que resultado que queres e nas melhores palavras para o conseguir.
As regras abaixo são apenas uma indicação daquilo que pode ser desejável (com base na minha experiência)
Mais importante: compreensão (e previsibilidade)
A tua escolha de palavras e estrutura é sempre óbvia: é sempre aquela que torna o texto mais previsível-
- Facilidade de consumo
- Previsibilidade de palavras seguintes
- Paralelismos, estruturas e palavras repetidas, etc.
- Exemplo: Tu não queres … Tu queres … (a primeira frase negativa faz-nos prever que a frase seguinte dirá a frase positiva.)
- Exemplo: Há seres humanos maus e há .. (até adivinhas que a seguir vai ser “seres humanos bons” – este é mesmo o conjunto de palavras mais previsível de todos e não há problema em repetir algumas palavras, porque elas aumentam a previsibilidade)
- Usa o mínimo de palavras diferentes
- quanto menos palavras diferentes usares, mais provável é que a próxima palavra seja uma palavra que já leste antes
- Usa frase ativa, ou seja, “(alguém) (fez) (alguma coisa)” em vez de frase passiva, ou seja, “(alguma coisa) (foi feita) (por alguém)”
- Frase ativa é a frase mais comum e curta, por isso já sabes que a seguir ao “alguém”, tens o verbo, e que depois tens o “alguma coisa”
- Paralelismos, estruturas e palavras repetidas, etc.
- Previsibilidade de ideias seguintes
- Títulos e subtítulos que resumem o que virá a seguir (a seguir vem uma explicação mais detalhada do conteúdo desse título e subtítulo)
- Pergunta antes (a seguir vem a resposta)
- Certo número de coisas antes (a seguir vem esses número de coisas)
- Exemplo: Há 3 características que tens de saber: … (há sabes que virão 3 características)
- Conectores de contraste: “Mas” (a seguir vem a ideia oposta)
- Conecores de sinónimo: “Ou seja” (a seguir vem a mesma ideia escrita de outra maneira)
- Listas em vez de texto seguido (cada ponto será uma ideia diferente)
- Vocabulário Simples
- Uma criança de 5.º ano (ou menos) sabe o significado de todas as palavras que usas
- Se ajudar a compreensão, usa uma ou duas palavras mais difíceis ou até inventadas, mas explica o seu significado da primeira vez que as usares (nunca uses palavras difíceis sem explicar o seu significado e usa-as o menos possível)
- Contraste/Saliência
- Números em vez de letras (números destacam-se no meio de tanta letra)
- Estilo de letra: negrito, sublinhado, tamanho, etc (estilo diferente destaca-se no meio de tanto estilo igual)
- Para os conceitos mais importantes, usa palavras mais difíceis, incomuns ou inventadas (palavras mais “estranhas” destacam-se no meio de todas as palavras mais “normais”).
- Eliminar Distrações
- Elimina palavras e frases desnecessárias.
- Usa palavras mais curtas (menos sons a pronunciar)
- Elimina palavras com intensidades contrárias (que enfraquecem e confundem a ideia a transmitir).
- Mau: Gosto muito pouco de ti. (“muito” e “pouco” são contrários e enfraquecem e confundem a ideia a transmitir).
- Bom: Gosto pouco de ti (fortalece a ideia a transmitir, porque não há contrários a enfraquecer ou confundir a ideia a transmitir).
- Usa frases afirmativas (em vez de negativas)
- Exemplo: “Segura-te à árvore” em vez de “Não caias da árvore”
- A primeira frase cria a imagem mental de te segurares à árvore, enquanto que a segunda frase cria a imagem mental de caíres da árvore (dizer o que não fazer não nos diz o que fazer, ou seja, não é específico, deixa dúvidas)
- Além disso, para quem estiver com pouca atenção, pode ignorar o “não” e simplesmente perceber “cai da árvore” (o que nunca acontece com frases afirmativas)
- A única exceção é algum paralelismo entre “afirmativa” e “negativo”: “Não faças isto. Faz aquilo.” ou “Faz aquilo. Não faças isto.”
- Exemplo: “Segura-te à árvore” em vez de “Não caias da árvore”
- Não uses a mesma palavra para 2 ideias/funções diferentes (especialmente se muito próximas)
- Exemplo:
- Mau: “não quero criticar, não quero opinar, não quero tentar que ele seja como eu quero, mas quero ajudá-lo a ser como ele quer”
- Bom: “não vou criticar, não vou opinar, não vou tentar que ele seja como eu quero, mas vou ajudá-lo a ser como ele quer”
- (No exemplo mau, os 4 “quero” a negrito desempenham a mesma função, mas depois confundem-se com os outros “quero” e “quer”, que desempenham outra função diferente. No exemplo bom, substituir os 4 “quero” por 4 “vou” já não interfere com os outros “quero” e “quer”.)
- Exemplo:
- Previsibilidade de palavras seguintes
- Interpretação única, melhor compreensão (e maior previsibilidade):
- Não uses 2 palavras diferentes para a mesma ideia/função (especialmente se muito próximas)
- Exemplo:
- Mau: “O homem cumprimentou a velha, mas a idosa não disse nada.”
- Bom: “O homem cumprimentou a velha, mas a velha não disse nada.”
- (No exemplo mau, ficamos com dúvida se “velha” e “idosa” são a mesma pessoa ou 2 pessoas diferentes. No exemplo bom, não há dúvidas. Além disso, repetir “velha” outra vez é mais previsível do que introduzir uma nova palavra não vista antes).
- Exemplo Mau: “A velha sorri. Depois, a idosa chora. Por fim, a centenária levanta-se.” (não é óbvio se estamos a falar da mesma pessoa ou de 3 pessoas diferentes!!!)
- Exemplo Mau: “Precisas de empenho e afinco” (“empenho” e “afinco” têm o mesmo significado – até dá a sensação que há 2 coisas que precisas quando afinal só precisas de uma)
- Exemplo:
- Idealmente, 1 frase, 1 verbo (ou seja, em cada 1 frase, uma só ideia/ação/acontecimento)
- Exemplos
- Mau: “O teste tem 5 perguntas opcionais, que são as perguntas que não tens de responder” (2 ideias em 1 frase: dizer o número de perguntas opcionais e explicar o que são perguntas opcionais)
- Bom: “O teste tem 5 perguntas opcionais. As perguntas opcionais são as perguntas que não tens de responder.” (2 ideias em 2 frases)
- No mínimo, 1 frase, 1 sujeito (mesmo que tenha mais do que 1 verbo)
- Exemplos
- Técnica do contraste (ilustra uma ideia contrastando-a com o seu contrário logo a seguir).
- Exemplo: “O cérebro só precisa de ajustar essas representações (em vez de as criar do início).” (o parênteses torna a ideia mais clara)
- Exemplo:
- Original: “Usa frase ativa”
- Melhor: “Usa frase ativa, em vez de frase passiva“
- Ser específico
- Nunca dês as tuas interpretações, mas descreve o que realmente aconteceu (ou seja, descreve os dados reais em que te baseaste para retirar essas interpretações)
- Exemplo: Em vez de dizer “ele insultou-me” (tua interpretação), diz “ele disse que eu tinha uns sapatos muito bonitos” (o que realmente aconteceu).
- E não, não me enganei a escrever: no contexto certo, uma pessoa pode interpretar “Tens uns sapatos muito bonitos” como um insulto (por isso é que é importante escrever os dados reais e não as interpretações!)
- Porquê: interpretações não dão informações suficientes para qualquer pessoa visualizar exatamente o que tens em mente e, por isso, deixam espaço para dúvidas e diferentes interpretações – mau para explicar a outras pessoas, incluindo o teu eu do futuro. Dados reais, permitem qualquer pessoa visualizar, o que é bom para comunicar, incluindo tornar histórias mais vívidas na nossa imaginação)
- Nunca uses adjetivos (é uma interpretação) (substitui sempre por uma descrição concreta, por exemplo, com medidas).
- Exemplo: Não uses “grande, pequeno” mas sim “4 cm, 2 cm” (grande e pequeno é uma interpretação)
- Exemplo: Em vez de, “era um armário envelhecido”, diz “era um armário com espelhos que já não refletiam, com madeira castanha cheia de rachas e totalmente coberta de pó.” (história mais interessante, porque vemos exatamente o que a pessoa tem em mente)
- Exemplo: Em vez de dizer “ele insultou-me” (tua interpretação), diz “ele disse que eu tinha uns sapatos muito bonitos” (o que realmente aconteceu).
- Tornar claro quando estás a inventar ou a dar a tua opinião/interpretação (isto é útil para quem lê, mas ainda mais útil para ti, para não te enganares a ti próprio e saberes sempre quando estás a inventar)
- Exemplos: “A minha teoria é que …”, “Não sei”, “Se tivesse de adivinhar/dar o meu melhor palpite, diria que…”, “Talvez seja … ou talvez não”.
- Exemplo: “Ao ver …, supus que —“, “Ao experimentar …, achei que …”
- Nunca dês as tuas interpretações, mas descreve o que realmente aconteceu (ou seja, descreve os dados reais em que te baseaste para retirar essas interpretações)
- (muitas palavras desnecessárias e muita interpretação abstrata, sem os dados reais que tornam as histórias interessantes). Ser específico permite-nos visualizar (recriar) a história na nossa cabeça. Intepretação abstrata é normalmente demasiado vaga para a pressoa visualizar o que quer que seja (é mais provável que não visualize nada ou que visualize algo nada parecido com o que o autor tinha em mente ao dizer isso). Assim também o autor transmite melhor o que vai na sua própria mente ao escrever aquilo. O ser humano naturalmente vê dados reais e daí retira conclusões (é preferível do que ler conclusões dos outros, que têm um nível extra de interpretação, e assim, possível falha de comunicação).
- Facto do ser humano: muita coisa parte dos nosso dados reais de experiência (mas depois o que dizemos/pensamos costuma ser sempre na forma de conclusões/interpretações). Esses “dados reais” também incluem opiniões de outras pessoas.
- Não uses 2 palavras diferentes para a mesma ideia/função (especialmente se muito próximas)
SEGUNDA GRANDE CONSIDERAÇÃO ALÉM DE CLAREZA: memorabilidade (como tornar certo conteúdo maximamente memorável?)
Há certas alturas em que não só queres que o leitor compreenda a tua frase, mas queres que memorize a frase.
Isto acontece, por exemplo, em slogans, poesia, etc.
Aqui, tu colocas a tua atenção no ritmo e música da frase. Especialmente no quão fácil é de ler.
- Repete sons:
- Exemplo:
- Mau: “Quero? Preciso? Tenho?” (sem repetições de sons)
- Bom: “Queremos? Precisamos? Temos?” (repete o som “mos”, logo é mais memorável)
- Exemplo:
- Palavras mais curtas ou longas (às vezes preferes menos sílabas, outras vezes preferes mais sílabas) – tem tudo a ver com o “ritmo das palavras”
- Categorias por ordem natural de certo processo/ação
- Exemplo: Num resumo de Estatística, é mais fácil de lembrar organizando o conteúdo em 3 categorias seguintes (Recolher, Tratar, Interpretar), porque estas 3 categorias estão ordenadas numa sequência natural/visualizável de ações.
TERCEIRA GRANDE CONSIDERAÇÃO: má intepretação/resistência a palavras
- Não uses palavras com a qual a pessoa tem uma associação negativa.
- Exemplos:
- Não uses explicações metafísicas com alguém que acredita que não há nada para além do físico.
- Não digas a palavra “Deus” quando a pessoa rejeita imediatamente qualquer conceito religioso
- Exemplos:
- Não uses palavras que já ganharam imensas outras interpretações que não a que queres (em vez disso, usa outra palavra e, de preferência, que seja mais específica).
- Exemplos:
- “Deus” (tem um significado que varia imenso entre pessoas)
- “Meditação”
- Exemplos:
Quando introduzir novas palavras ou não?
- Quando introduzir e não introduzir novas palavras? (preferir usar versão mais longo mas exata?)
- Introduzir, mas depois relembrar da definição em sítios chave? (ou esta é uma razão para nem introduzir a definição se tens de te lembrar à mesma do significado?)
É necessário ser específico (para comunicar contigo próprio – e outros?)
- Eliminas toda a incerteza
- Ficas mais calmo
- Sabes exatamente o que fazer
Quanto mais és capaz de explicar por palavras o que está a acontecer, melhor.
Linguagem alinha-se com forma de tratar o objeto
-É importante que a tua linguagem se alinhe sempre com a maneira de tratar o objeto. Por exemplo, se queres tratar certa coisa com distância com distância, começa a falar deles na terceira pessoa e sem dizer “meu/minha”: em vez de “os meus pensamentos”, “as minhas emoções, “o meu corpo”, diz;: “”os pensamentos”, “as emoções”, “o corpo”.
Dá-lhe um nome
- Quando dás um nome a um certo padrão, então é muito mais fácil identificá-lo e saber o que fazer
- Até pode ser um conceito inventando como “a cadeira de acalmar” (onde vais para acalmar).
Sabe exatamente quando não sabes e estás a inventar
Tira todas as possíveis ilusões que tenhas. Não saber é normalíssimo. A maioria das pessoas prefere inventar (mentir) do que admitir que não sabe. Isto é um problema quando queres descobrir realmente como as coisas funcionam.
Com outras pessoas, dá feedback específico
Percebe exatamente o que é que realmente é de elogiar ou criticar. Por exemplo:
- não elogias a sua inteligência ou beleza (que não conseguem controlar), mas elogia o seu trabalho (que eles conseguem controlar).
- não critiques dizendo que são parvos ou maus (esses sáo conceitos que não existem), mas sim explicando que não deve bater nos outros, porque os magoam.
No fundo, não elogies o que eles são, elogia o que eles fazem (e decidem) (o que eles “são” normalmente são conceitos que não existem ou que não podem controlar. Pelo contrário, as suas ações e decisões são algo que podem controlar muito mais).
Isto ajudará essa pessoa a ter a atitude que queres, ao mesmo tempo que proteges a sua regulação corporal (em vez de criar incerteza constante na sua realidade, constivbuindo para a sua desregulação corporal)
Vai atrás da causa exata da sensação
Sentiste-te mal quando aquela pessoa te disse aquilo. Mas o que é que exatamente te afetou? Foi o tom? As palavras? Algum pensamento que depois te apareceu?
Realidade: tudo é treino (padrão do treino/desconforto)
Comunicação Eficaz com o teu cérebro (sê previsível)
- A nível biológico, também sê consistente (para que o cérebro preveja facilmente o que irá acontecer e se prepare melhor)
Podes ensinar conceito através do que é ou através do que não é (exemplos e não exemplos)
- Provavelmente relacionado com exemplos positivos e negativos do Engelmann.
- Para definir algo totalmente, é preciso uma combinação de exemplos positivos e negativos do conceito a ensinar.
Comunicação Eficaz (sê previsível) – previsibilidade é a métrica mais importante para avaliar qualquer comunicação: escrita, oral, etc.
Comunicação: escreve e fala de forma previsível (tuas frases anteriores permitem prever ou ter alguma ideia as tuas frases seguintes). Este é um dos problemas humanos mais fundamentais (especialmente ao ensinar outras pessoas, mas também em qualquer conversa do dia-a-dia)
- Comunica através de exemplos (exemplo/realidade primeiro, conclusão/interpretação depois). Esta é a maneira como seres humanos naturalmente aprendem por si próprios (mediante exemplos das suas próprias experiências, retirar conclusões sobre eles). Esta não só é a maneira mais eficaz de transmitir a tua ideia, mas também treinas os outros seres humanos a pensarem sempre desta forma.
- É importantíssimo separar conclusão da realidade
- Alternativa pior e que costumamos usar é “conclusão primeiro, exemplos depois” (se sequer houver exemplos). O problema é que isto incentiva aceitação sem análise crítica, e não é a sequência natural de aprendizagem (na vida real, nós não pensamos primeiro nas conclusões, e depois é que temos exemplos de experiências de vida).
- Nada é óbvio – não assumas bases que os outros não têm. Os outros não pensam como tu. Só por ser óbvio para ti, não significa que é óbvio para outros (e a mesma coisa quando outra pessoa não diz coisas óbvias para ti – para eles é óbvio, por isso pensam que para ti também é, quando não é)
- Exemplos
- Ou pensares que sabem o significado de certo conceito
- pensares que conseguem, por exemplo, ver os seus processos internos de sensações e pensamentos.
- Olha exclusivamente para a tua mensagem. Alguém que não soubesse nada, conseguiria entender a mensagem?
- Que pré-requisitos/conhecimento estás a assumir que a outra pessoa tem?
- Exemplo: Que palavras estás a supor que essa pessoa conhece?
- Que pré-requisitos/conhecimento estás a assumir que a outra pessoa tem?
- Exemplos
- ESTE É O PRINCÍPIO MAIS IMPORTANTE? Sê previsível e visualizável (menos inesperado e abstrato possível) (quanto mais concreto/visualizável for, melhor) – Explica como alguém veria isso da terceira pessoa
- Como ordenar palavras?
- Exemplo: “Ele insultou-me” (categoria muito abstrata/interpretação pessoal) vs “Ele disse: os teus sapatos são muito bonitos” (perfeitamente concreto)
- Sê consistente (mesma função, mesma palavra/expressão):
- Exemplo: Para dar exemplos, escreve sempre “Exemplo:”, em vez de usar várias diferentes: “Exemplo:”, “Por exemplo,”, “Um exemplo é”, “Tais como”
- Categoriza por ação/sequência de ação (muito visualizável).
- Exemplo: Eu estruturar a minha política de privacidade com base em cada ação que tu fazes (que depois explica a sequência de ações que são feitas a esses dados)
- Bom exemplo de escrita previsível:
- (Em qualquer email da minha Newsletter que recebeste), vai ao (fim do email) e (clica) no (texto) que diz (“cancelar subscrição”) – vai do geral para o particular, em que cada parênteses indica a nova pequena ideia seguinte.
- Linguagem Previsível (sabes o que virá a seguir)
- Exemplos: “desceu” é mais previsível que “mudou” (“desceu de 100 para 20” é mais previsível que “mudou de 100 para 20”)
- Quando temos “desceu de 100 para …” (já sabemos que a seguir aparece um número menor que 100)
- Quando temos “mudou de 100 para …” (sabemos que a seguir aparece um número, mas não sabemos qual será)
- Exemplos (conectores):
- “Mas. Porém. Embora” – a seguir vem a ideia oposta
- “Primeiro” – a seguir vem o primeiro passo de algum processo ou lista
- Exemplos: “desceu” é mais previsível que “mudou” (“desceu de 100 para 20” é mais previsível que “mudou de 100 para 20”)
- Linguagem Específica/Viusalizável
- Em vez de “grande”, diz “com mais de 20 metros de altura” ou “com a altura de uma cada com 2 andares.”
- Elimina possíveis distrações na linguagem
- Usa palavras neutras, ou seja, palavras às quais as pessoas não atribuem automaticamente uma ideia de “bom” ou “mau” (que não gerem sensações e pensamentos desnecessários)
- Exemplo: Em vez de dizer “estudar” (que alguns alunos automaticamente associam a algo “mau”) diz “treinar” (que normalmente é neutro)
- Elimina todas as palavras desnecessárias (“pornografia de palavras”)
- Só uses Comparações para explicar 1 elemento se tens a certeza que a pessoa sabe o outro elemento a ser comparado (senão, estar a introduzir 1 elemento extra que só distrai do elemento a explicar)
- Usa palavras neutras, ou seja, palavras às quais as pessoas não atribuem automaticamente uma ideia de “bom” ou “mau” (que não gerem sensações e pensamentos desnecessários)
- Torna visíveis as categorias (palavras, cor, posição, música, etc.) – quanto mais visíveis, melhor
- Próprias Palavras (na escrita): Quando conceitos estão relacionados, torna visíveis as relações entre conceitos (pela escolha de palavras): Estrutura as frases de forma a ser evidente como os conceitos se relacionam (ou seja, destacar as semelhanças e diferenças entre eles).
- Exemplo Pior: “Sensações” e “Pensamentos” (não é óbvio que estão relacionados, nem como)
- Exemplo Melhor: “Informação Interna que parece vir do Corpo” e “Informação Interna que não parece vir do Corpo” (é óbvio que são semelhantes porque são “Informação Interna”, mas a diferença é que “um parece vir do Corpo e o outro não” – ou seja, é óbvio como se relacionam)
- Torna as frases relacionadas maximamente iguais, deixando diferente apenas o mínimo de palavras necessárias para ilustrar a diferença (isto fará a atenção naturalmente ignorar o que é igual/repetido/habitual, e só prestar atenção ao que interessa: que é o diferente/novo/desabitual. E quanto menos palavras novas a atenção tiver de processar, então mais facilmente identificará as diferenças entre a frase anterior e a atual)
- Exemplo Pior: “Informação Interna do Corpo” e “Informação Interna que não vemdo Corpo” (este exemplo é pior, porque a diferença é o “que não vem do” – é mais palavras que a atenção tem de processar, por isso mais difícil de identificar)
- Exemplo Melhor: “Informação Interna que vem do Corpo” e “Informação Interna que não vem do Corpo” (este exemplo é melhor, porque a diferença é só o “não”. Menos palavras para a atenção processar, por isso mais fácil de identificar)
- Torna as frases relacionadas maximamente iguais, deixando diferente apenas o mínimo de palavras necessárias para ilustrar a diferença (isto fará a atenção naturalmente ignorar o que é igual/repetido/habitual, e só prestar atenção ao que interessa: que é o diferente/novo/desabitual. E quanto menos palavras novas a atenção tiver de processar, então mais facilmente identificará as diferenças entre a frase anterior e a atual)
- Qualquer característica visível (cor, posição, tamanho, música, etc.) (na escrita e não só): deve ser utilizada apenas para categorizar (categoria igual, característica igual – categoria diferente, cor diferente) (são apenas outra maneira visível, que não a das próprias palavras, para destacar semelhanças e diferenças) – “prompts”
- Exemplo: Diferentes músicas para diferentes momentos/temas ou personagens de um vídeo ou filme
- Exemplo: Neste texto, as frases a “negrito” (mais grossas) é a categoria “descrição resumida”. Ao estarem a negrito, é muito mais óbvio que todas as frases a negrito têm alguma semelhança (rapidamente percebes que todas apresentam uma “descrição resumida”), mas que têm também diferenças importantes de todas as frases escritas a texto “normal”, mais fino (neste caso, a diferença é que as mais grossas são a “descrição resumida” enquanto que as mais finas são a ”descrição completa”).
- Sem esta diferença visível na grossura das letras, seria muito mais difícil tu rapidamente identificares e distinguires estas categorias. Ao colocar diferentes grossuras nas letras, estou basicamente a obrigar-te a ver as categorias.
- Torna essas categorias previsíveis
- Exemplo: Repete música que já usaste antes para dar a pista que algo parecido irá acontecer agora
- Quantos indicadores de categoria usar?
- Mais útil para que prestem atenção (redundância): Queres ter a certeza que a pessoa preste atenção a certa categoria? Então coloca o máximo de características que tornem visível essa categoria.
- Exemplo: Estás a criar um vídeo, e queres indicar que agora estamos numa parte assustadora. Para garantir que a pessoa percebe isso, então tu usas uma música assustadora, um tipo de letra mais assustador, cores mais assustadoras (pretos, etc.), um tom de voz mais assustador, e todos os outros elementos que tornem ainda mais visível essa ideia de “assustador” (assim, é quase certo que a pessoa perceba a mudança para um ambiente “assustador”)
- Mais útil para Testar/Ensinar Categoria: Queres ter a certeza que a pessoa sabe o significado de certa categoria? Então torna visível o mínimo de características (só aquelas que realmente determinam a categorias)
- Exemplo: Testar categoria “vermelho”. Então coloca imensos objetos diferentes, em que a única característica semelhante é a sua cor (e o nome “vermelho”).
- Mais útil para que prestem atenção (redundância): Queres ter a certeza que a pessoa preste atenção a certa categoria? Então coloca o máximo de características que tornem visível essa categoria.
- Próprias Palavras (na escrita): Quando conceitos estão relacionados, torna visíveis as relações entre conceitos (pela escolha de palavras): Estrutura as frases de forma a ser evidente como os conceitos se relacionam (ou seja, destacar as semelhanças e diferenças entre eles).
- Usa linguagem o mais fiel à realidade
- Usa palavras que claramente indicam que qualquer conhecimento é incerto.
- Mau exemplo: “É assim”
- Bons exemplos:
- Talvez é assim.
- A minha teoria é que é assim.
- Na maioria dos casos é assim.
- Vende desta perspetiva, é assim.
- Neste momento, a maioria acredita que é assim.
- Usa palavras que claramente indicam que qualquer conhecimento é incerto.
- Descreve como funciona na totalidade (só assim é que consegues ter uma visão de grande plano como isso funciona, em vez de tentar entender bocados dispersos de informação aqui e ali)
- Exemplo: Sobre qualquer programa, imensos tutoriais separados na net de “como fazer x”, mas nenhum que explica exatamente como o programa funciona desde os básicos (“quando clicas aqui, estes valores são guardados aqui, que depois podes alterar clicando aqui”)
- Usa o mínimo de categorias abstratas/linguagem técnica (e máximo de descrição do real/linguagem comum): cada nova categoria abstrata é um obstáculo para a compreensão de todos (incluindo do próprio). Novas categorias abstratas apenas devem ser usadas para os conceitos mais repetidos (e começando sempre com uma explicação exaustiva do significado real, para que sempre que essa palavra seja dita, todos se relembrem do significado real por detrás)
- “Qual é o real por detrás destas categorias?”
- Exemplo: “calorias” , “par circunstâncias-ação”, etc.
- Ensina os outros como reagir (reagindo bem tu próprio) – “todos ensinamo-nos mal uns aos outros a reagir”
- As reações de frustração, raiva, etc, são tão comuns que toda a gente pensa que são inevitáveis. A verdade é que apenas são outro hábito, tão automático, que PARECE inevitável. Mas com treino (atenção e ação), pode-se substituir essa reação por outra (mecanismo de habituação).
- Investigação de causas/categorias: Grande pergunta; que outras interpretações seriam igualmente plausíveis nestas circunstâncias/dada esta informação? (ajuda a perceber se o que escreveste tem 1 única interpretação ou mais do que 1) .